Janeiro foi decretado o mês oficial da Visibilidade Transexual. Batizado como “Janeiro Lilás”, a celebração reforça o conhecimento das identidades de gênero e luta contra o preconceito sofrido por transexuais e travestis.
A data passou a ser comemorada em 29 de janeiro de 2004, quando foi organizado, em Brasília, um ato nacional para o lançamento da campanha “Travesti e Respeito”. A data foi escolhida como o Dia Nacional da Visibilidade Trans e, sequencialmente, o movimento ganhou força com a ampliação da visibilidade para o mês de janeiro.
Conforme o relatório de 2021 da Transgender Europe (TGEU), que monitora dados globalmente levantados por instituições trans e LGBTQIA+, o Brasil é o país que mais mata pessoas trans e travestis em todo o mundo pelo 13° ano consecutivo.
Um levantamento inédito realizado pela USP e Unesp aponta que pessoas trans podem chegar a sofrer até 25 vezes mais violência sexual do que homens hétero cis.
Cirurgias
Dados do Ministério da Saúde avaliados pela Voz da Diversidade indicam que foram realizados 527 procedimentos “transexualizadores” de 2014 a 2022 no Brasil.
A redesignação sexual no sexo masculino foi o procedimento mais realizado no período. Foram feitas 223 redesignações (42,3%) e a com menor incidência é a redesignação sexual no sexo feminino, com apenas 8 procedimentos (1,5%). Veja o levantamento compilado pela Voz da Diversidade.
Preconceito e nome social
O nome social é reconhecido desde abril de 2016, pelo decreto 8.727. No entanto, ainda não tem sido fácil para muitos transexuais alterarem seus nomes em alguns locais, como cartórios.
Além de muitos ainda não serem tratados por nomes sociais em ambientes públicos, as pessoas que se relacionam com trans e travestis ainda escondem a relação. “Muitos homens ainda têm vergonha de andar ao meu lado. Depois de uma noite juntos, quando temos de ir à padaria para comprar pão, alguns pedem para eu ir na frente para não serem vistos comigo. Para um homem ganhar meu coração, ele precisa me valorizar e ser gentil”, relatou uma travesti à Voz da Diversidade.
Crianças trans
Ainda há muita polêmica a respeito de crianças trans. Além de sofrerem violência doméstica, muitas delas chegam a ser expulsas de casa. Em uma pesquisa feita pela Secretaria de Educação da Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Intersexos (ABLGBT), 45% dos estudantes afirmam que já se sentiram inseguros devido à sua identidade de gênero no ambiente escolar.