Um levantamento inédito feito pela Unesp e USP apontou que 12% da população brasileira se declaram assexuais, lésbicas, gays, bissexuais ou transgêneros (ALGBT). O percentual corresponde a 19 milhões de pessoas. A pesquisa foi publicada pela Unesp em 24 de outubro de 2022 e pela revista científica Nature Scientific Reports em 1 julho de 2022.
Foram entrevistadas 6.000 pessoas maiores de idade, em 129 cidades, espalhadas em cinco regiões brasileiras e os questionários foram realizados pelo Instituto Datafolha, entre novembro e dezembro de 2018.
O IBGE também publicou um Censo em 25 de maio, com dados coletados em 2019, apontando que 2,9 milhões de pessoas são homossexuais ou bissexuais. Entretanto, o instituto não levantou dados sobre aspectos de identidade de gênero, o que envolve categorias como pessoas trans e não-binárias. Também não foram coletadas informações sobre assexualidade. Segundo o IBGE, esse primeiro Censo está em caráter experimental e novos estudos serão conduzidos para aprimorar a metodologia de coleta.
Para Maria Cristina Pereira Lima, diretora da FMB-Unesp, que também participou do levantamento, a importância do estudo está em tirar grupos ALGBT da invisibilidade e permitir a elaboração de políticas públicas direcionadas às necessidades específicas dessas pessoas. “Quando você não identifica quantas pessoas pertencem a um determinado grupo em meio à população, você as invisibiliza. Isso dificulta que se estabeleçam políticas públicas para esse grupo, e que se faça um trabalho de formação de profissionais para atender suas necessidades”, comenta.
Quantos são os assexuais?
A pesquisa identificou que 5,76% (9,5 milhões de pessoas) da população brasileira é assexual, o maior percentual dentro da comunidade ALGBT. Em agosto de 2004, um estudo da Universidade Brock, no Canadá, apontou que um em cada 100 adultos é assexual. O biólogo Alfred Kinsey já havia apontado a mesma estatística em estudos feitos entre 1948 e 1953. Portanto, se considerarmos a população mundial, a estimativa é de que 1% (70 milhões de pessoas) se identificam como assexuais.
Em resumo, quem é assexual não tem desejo em fazer sexo. “Se descobrir assexual não é tão complicado quanto parece, se houvesse maior visibilidade e divulgação do que é ser assexual, as pessoas iriam eventualmente descobrir a comunidade e ter em mãos todas as ferramentas para estudar as palavras e ver se elas se encaixam ou não. Boa parte da identificação advém do mero fato de interagir com outros assexuais, ler as histórias e se identificar com elas…”, afirmou Wagner ao BlogSouBi em março de 2015 nesta entrevista.
Neste estudo da Unesp e da USP, as mulheres representam a maioria das pessoas consideradas assexuais, correspondendo a 93,5% do grupo. Porém, o levantamento também apontou que, em 82,3% dos casos, mulheres assexuais informaram já ter sentido atração sexual. Já 1,1% dos entrevistados, entre homens e mulheres, apontaram nunca ter sentido atração sexual.
Os assexuais podem se relacionar afetivamente ou romanticamente com outra pessoa, apesar de não desejarem ter relações sexuais. No entanto, também há assexuais que se consideram arromânticos – esses não têm interesse em se relacionar com ninguém. “Sempre foi péssimo ver todos com a fórmula mágica do prazer e felicidade, menos você. Você vê tudo em filmes, músicas, séries, teatros, conversas. Absolutamente todos sentiam essa força invisível que te faz sentir maravilhoso e eu não”, afirmou “L”, ao BlogSoubi em março de 2015 nesta entrevista.
Violência contra transexuais
Outro fator apontado pela pesquisa envolve índices de episódios de violência reportados pelos entrevistados. O estudo apontou que pessoas trans podem chegar a sofrer até 25 vezes mais violência sexual do que homens hétero cis.
O psiquiatra Giancarlo Spizzirri, da Faculdade de Medicina da USP e autor principal do artigo, aponta que “muitas pessoas têm dificuldade de assumir que são homossexuais. Existem pessoas que nem sabem o que é esse termo. Além disso, há também a questão do comportamento. A pessoa pode se comportar de uma determinada maneira e não se identificar com o termo que designa esta categoria”.
Para contornar esses problemas, o questionário apresentou perguntas que fugiam da utilização desses termos. Ao tratar da sexualidade, os entrevistadores indagavam apenas “Você sente atração sexual por”, e o entrevistado podia escolher entre as respostas “homens”, “mulheres”, “homens e mulheres”, “homens e às vezes mulheres”, “mulheres e às vezes homens” ou “não sinto atração sexual”. O mesmo foi feito para perguntas sobre identidade de gênero. A partir da questão “Qual destas opções melhor descreve como você se sente” o entrevistador realizava uma série de perguntas para determinar a identidade de gênero do entrevistado, sem a necessidade de usar palavras como “transgênero” ou “não-binário”.
A invisibilização da assexualidade
Os resultados da pesquisa apontaram que, dentre os 12% considerados ALGBT, 5,76% são assexuais, 2,12% são bissexuais, 1,37% são gays, 0,93% são lésbicas, 0,68% são trans e 1,18% são pessoas não-binárias. É importante notar que o levantamento foi feito com base na diversidade sexual e de gênero.
A transgeneridade e a não-binariedade são identidades de gênero, ou seja, fazem referência a pessoas que se identificam com gêneros diferentes dos que lhes foi atribuído ao nascer. Cisgeneridade, ou apenas “cis”, é o termo utilizado para descrever pessoas que se identificam com o gênero que lhes foi atribuído ao nascer.
A pesquisa também demonstrou que a comunidade ALGBT está distribuída de maneira regular ao longo das regiões do Brasil. Além disso, não há grandes diferenças entre a quantidade de pessoas nas capitais e no interior. Essa constatação contrariou a suposição inicial de Spizzirri, que achou que encontraria uma maior diversidade sexual e de gênero nas capitais.
Se a pessoa for no “âmago da questão” a gente deixaria de usar expressões do tipo: “Ele (a) não se identifica com o gênero biológico” ou a própria questão Assexual! Mas toda a nossa Psique tem forte influência, Independente, da idade que se tenha: da Memória Fetal e ela atuará Independente da Personalidade, ou seja, trata-se de uma Memória que sobressai em todos os tipos de Personalidade! Tive um colega com nome masculinizado (final a substituido por o), cisgenero perceptivel (a gente percebe o combustível da energia emitida: testosterona ou progesterona)! Em 2018, começou a “mudança” hormonal, sem intervenção cirurgica, que colegas que trabalhavam com ele disseram ser questão de tempo para acontecer, mas presumo ele ter tido choque de realidade, mesmo após o nome social e aplicação hormonal, quando fui conversar com outro colega e senti que acompanhou a conversa, longe da virilidade de outrora, mas como se me paquerasse igual! Como tenho memoria fetal de que fosse/nascesse do gênero feminino, muitos homens já comentaram de feminilidade no escutar, aconselhar. Imagino, que ele deve ter tido algum conflito: quem sabe uma “reação peniana” de outrora, mas estando em “transição”! Depois até pensei: ele cedeu a memoria fetal que “carrega” de maneira extrema; eu, deixo de evitar paqueras masculinas e poderia me “enquadrar” como assexual, no quesito sexualidade!