Quando estão em encontros familiares, 43% dos homossexuais e assexuais, 47% dos bissexuais e 54% dos pansexuais e não-binários sempre omitem sua sexualidade, segundo a primeira edição da “Pesquisa Diversidade Jovem”, promovida pelo Espro (Ensino Social Profissionalizante).

Em relação às igrejas, a omissão é ainda maior. Para 74% dos bissexuais e 86% dos homossexuais, conversar sobre diversidade em suas igrejas não é uma opção.
É com os amigos que os jovens LGBTQIA+ se sentem mais à vontade para conversar sobre diversidade – 66% dos jovens afirmaram que estar entre amigos os deixa mais livres para serem quem são. Em relação à escola ou faculdade, 42% disseram se sentir à vontade para falar sobre identidade sexual e de gênero.
“Aqui no Espro, além de prepararmos os jovens para o mundo do trabalho, estimulamos o seu protagonismo na sociedade, buscando ajudá-los a ocupar seus espaços como cidadãos plenos. Enquanto 76% de jovens homossexuais, por exemplo, admitirem não conversar ou conversar pouco sobre diversidade no trabalho, ainda teremos ambientes mais hostis do que acolhedores para eles. Isso é um alerta para que entidades formadoras e empresas tenham mais atenção com o acolhimento nos ambientes de aprendizagem e de trabalho”, afirma Alessandro Saade, superintendente executivo do Espro.
SOBRE A PESQUISA
Objetivo
Descobrir as percepções de adolescentes e jovens brasileiros sobre diversidade e desafios relacionados a temas como raça/etnia, orientação sexual, identidade de gênero, pessoas com deficiência e religião.
Público
A “Pesquisa Diversidade Jovem 2022” ouviu 1.657 adolescentes e jovens, com idades entre 15 e 23 anos, que são ou já foram aprendizes ou estagiários do Espro, entre 19 de setembro e 16 de outubro. O índice de confiabilidade é de 99% e a margem de erro é de 3%.
Faixa etária e renda
Os respondentes têm idade média de 19 anos, com a maioria habitando lares com três ou quatro moradores (62%) e de famílias com renda média de um a três salários mínimos (58%). 11% dos adolescentes e jovens ouvidos integram famílias com renda mensal inferior a um salário mínimo.
Formato da pesquisa
Questionário online estruturado com 28 perguntas.
Regiões do Brasil analisadas
Participaram do levantamento jovens de 15 estados mais o Distrito Federal, com predominância de pessoas de São Paulo (42%), Paraná (21%), Rio de Janeiro (9%) e Rio Grande do Sul (7%).
Raio X dos entrevistados
- 36% heterossexuais
- 33% dos adolescentes e jovens entrevistados não se identificam com a cisheteronormatividade, ou seja, com os padrões pré-estabelecidos de gênero em consonância com o sexo biológico
- 20% se consideram bissexuais
- 5% se identificam homossexuais representam
- 4% afirmaram ser panssexuais
- 2% alegaram ser assexuais
Jovens ainda sentem preconceito
Apesar de a nova geração ser mais aberta em relação à diversidade em comparação às gerações anteriores, muitos ainda não acreditam que a sociedade esteja pronta para aceitar as diferenças ou punir de maneira adequada a discriminação.
Além disso, essa postura da sociedade também fazem com que eles não defendam a causa por se sentirem inseguros em relação a isso. Sete entre cada dez jovens ouvidos afirmaram que, ao presenciar um ato de discriminação com a diversidade de algum colega, nada fariam, por não acreditar em algum efeito. Os mesmos 70% também afirmam que não prestariam apoio ao colega para não se expor. Quando a situação envolve o próprio indivíduo, 48% deixariam a situação de lado para não se expor.
QUESTÃO RACIAL
Dentre os 47% de participantes que se declararam negros, 40% afirmaram sentir ou presenciar sempre, ou muitas vezes, situações de preconceito na escola ou na faculdade.
Episódios recorrentes de preconceito no transporte público, em consultórios médicos, restaurantes, lojas ou eventos foram relatados por 32% dos jovens negros ouvidos pelo levantamento. Para os entrevistados que se identificam com religiões de matriz africana, 44% sentiu ou presenciou preconceito nestes serviços.
Outros achados sobre a maior vulnerabilidade dos adolescentes e jovens: os negros são 9 em cada 10 jovens que estão em situação de acolhimento social e 7 em cada 10 imigrantes. Isso evidencia a fragilidade e necessidade constante de assistência social para que esta população consiga exercer sua cidadania e tenha condições de se preparar adequadamente para o convívio social e profissional.
Sobre o Espro
O Espro (Ensino Social Profissionalizante) atua na inserção de adolescentes e jovens em vulnerabilidade social mundo do trabalho, por meio da socioaprendizagem, oferecendo uma extensa jornada gratuita, que começa nos Projetos de Formação para o Mundo do Trabalho (patrocinados ou personalizados para nossos parceiros) e segue no Programa de Aprendizagem Profissional ou no Programa de Estágio. Dessa forma, a entidade cumpre cinco dos 17 objetivos de desenvolvimento sustentável da ONU: trabalho decente e crescimento econômico, redução das desigualdades, educação de qualidade, saúde e bem-estar e erradicação da pobreza.
O objetivo principal do Espro é permitir aos jovens do Brasil desenvolver seus talentos para que assumam o protagonismo da construção do seu futuro e de uma sociedade mais inclusiva, bem como apoiar suas famílias e comunidades, seja por meio de projetos de capacitação ou assistência social.
Em 43 anos de existência, a entidade encaminhou 430 mil jovens para sua primeira oportunidade de emprego e realizou 1 milhão de atendimentos sociais, englobando visitas domiciliares, acompanhamentos psicológicos, visitas técnicas, oficinas de geração de renda, encaminhamentos para a rede de apoio e outras iniciativas para desenvolver e melhorar a vida e o ambiente jornada destes jovens e das comunidades onde vivem.
O Espro tem 8 filiais e 50 núcleos regionais espalhados pelo Brasil, alcançando 919 municípios, capacitando anualmente mais de 20 mil jovens por meio dos programas e projetos. Para ampliar sua capilaridade nacional, a entidade criou a Rede de Aprendizagem Espro (RAE) que estabelece alianças com outras organizações para fazer o acolhimento dos jovens de forma colaborativa, por meio do seu Sistema de Aprendizagem (SAE).
O que eu percebi até 2018, em setores com presença de jovens com afã de liderar, Independente do Gênero, é como deixar a sexualidade em segundo plano e na concepção de muitos, ter função comissionada, traduzisse estabilidade no emprego! E ai o chamado Clima Organizacional é de distanciamento e falar então sobre atração sexual se torna paradoxal. Mesma situação se verifica em moradias pequenas e construídas germinadas: como trazer a temática da Diversidade com 4 pessoas dividindo pequenos cômodos e com vizinhos tão próximos!