A série The L Word é, sem dúvida, uma das melhores séries LGBTQIAs que você vai assistir.
A primeira versão da série, que foi ao ar entre 2004 e 2009, me ajudou a sair do armário. Pela primeira vez, a vontade de estar com uma mulher começou a não parecer mais estranha. Ela se tornou mais intensa e me fez querer viver o mesmo que aquelas mulheres fortes e decididas estavam vivendo.
Eu queria estar inserida naquele mesmo mundo e desejava ter amigas para falar sobre outra mulher sem nenhuma vergonha. Por muitos anos o bar The Planet, o ponto de encontro das protagonistas, participou do meu imaginário e eu encenava estar ali, entre elas, fazendo parte de um mundo que não parecia existir.
Um dia eu poderia viver tudo aquilo que aquelas mulheres estavam vivendo? Eu teria coragem? Seria possível conversar com as minhas amigas tão abertamente sobre o meu namoro com uma mulher?
Anos depois, eu nem sinto falta daquele The Planet do meu imaginário, porque a minha realidade se tornou muito melhor do que isso.
Assumir a minha sexualidade foi algo extremamente libertador. E as minhas amigas aceitaram tão bem que eu nem consigo entender porque tinha tanto medo.
Não aconteceu tudo de uma vez. Aos poucos fui me libertando. Comecei falando para a família, amigos próximos. Demorei um tempo até assumir no trabalho, a falar sobre meu casamento homoafetivo em entrevistas de emprego e a comentar naturalmente com qualquer pessoa que perguntasse sobre o meu “marido” que “ele” era ela.
A sensação e o impacto que a reação das pessoas me trazia também foram evoluindo. No começo era incômodo, estranho e nada natural falar para as pessoas ou corrigí-las. Mas quando você começa a entender quem você é, dá orgulho fazer isso.
Se você ainda não saiu do armário, talvez possa não acreditar, mas você vai sentir isso: vai desejar ter nascido do jeito que é e nunca achar que tem algo errado com você. Eu amo estar com minha esposa. E não trocaria isso por nada neste mundo.
Aliás, se eu pudesse escolher antes de nascer, escolheria gostar de mulher. E essa sensação é melhor do que praticamente qualquer coisa que você possa imaginar.
Quando a nova versão da série The L Word – Generation Q estreou (2019), reavivou toda essa memória boa de descoberta. Eu e minha esposa devoramos a primeira temporada, na Amazon Prime, praticamente em um final de semana.
Ela traz novamente as personagens Shane, Alice, Bette e Tina e adiciona protagonistas que deixam a série ainda mais sensual e empolgante.
Mais uma vez The L Word mostra com naturalidade histórias sobre transexualidade, amor entre homens, entre mulheres, poliamor e muito mais. Assistir a essa nova versão estando em “minha nova versão” me mostra que tudo o que eu imaginei que poderia ser bom é, na verdade, ainda melhor.
Se você ainda não saiu do armário ou não tem pessoas que te apoiam, saiba que sempre existirá um The Planet para você. Há sempre pessoas e lugares para você poder ser quem você é.
Nossa me lembro como se fosse hoje, na época em que vi quando foi lançada, era tudo novo pra mim. Estava casada com um homem, e me peguei sentindo desejos e vontades que me assombravam.
Não me entendia, não me conhecia de verdade.
Fiquei casada 11 anos e quando me divorciei estava morando sozinha, independente, e foi aí que essa vontade veio de uma forma avassaladora.
Jamais vou esquecer a minha primeira vez com outra mulher.
Como foi libertador.
Hoje depois de tanto tempo assisti a nova temporada atual, e amei, moro em São Paulo, quem quiser amizades me envia um oi.
[email protected]
Lu, tudo bem? Obrigada por compartilhar o que você sentiu também. E fico muito feliz por você também ter se libertado.
Abraço! 🙂
Época de grandes descobertas.
Oi Lu…
Fui casada também por quase 30 anos… quando me apaixonei por uma mulher… e decidi me separar e seguir minha vida … a vida é muito curta para viver infeliz . .
Foi um marco.
Comecei a ter contato com o universo The L Word através de pequenos vídeos no You Tube com pequenos vídeos que assistia, comecei a ter entendimento de um mundo possível, a ficção despertou sentimentos que já existiam em mim, e me deu coragem pra agir e ser o que realmente sou. Quando tiver a oportunidade de assistir o seriado antigo, de 2004, achei maravilhosos, não os achei caricato, me identificava com todas, achei muito boas as histórias. E a nova temporada da Netflix está muito contemporânea e maratonei em um dia, já quero a segunda temporada.
Li noutro site, até sobre Psicanálise, duas palavras comuns no Universo Masculino: “ativo e passivo”, mas lá trataram em todos os aspectos da vida: quem é Independente ou Acomodado, por exemplo! Tanto eu quanto o primeiro homem com que me relacionei, tínhamos esse perfil Independente e, quando ele foi me penetrando, além de experiência nova, foi uma situação, então impar, de alguém me conduzindo!