Alex gostava de dança do ventre e de lavar louça. Irritado com os trejeitos do garoto de oito anos, o pai o espancava diariamente, como uma forma de endireitá-lo. Ele tinha de ser um homem de verdade.
O dia 17 de fevereiro de 2014 marcou a última sessão de brutalidade. Depois de duas horas de tortura, o garoto foi levado ao posto de saúde e não havia mais nada a fazer. Estava morto.
Morto pela ignorância. Por um machismo construído ao longo dos anos. Por torcidas organizadas que lincham um jogador de futebol por sua sexualidade. Por pais que ensinam filhos a não chorar e muito menos a serem sensíveis. Por visões distorcidas sobre o mundo e sobre as pessoas.
Toda essa gente vai se chocar com a história do Alex. Vai dizer que foi exagero. Que não aceita, mas não concorda com a morte do garoto. E depois de alguns meses, ou até um pouco menos, essas mesmas pessoas vão afirmar categoricamente que nunca admitiriam ter um filho gay.
O corretivo pode não ser a morte. Haverá no lugar disso agressão moral, castigos, proibições. Muito filho exemplar vai virar marginal depois que os pais descobrirem a sexualidade. Não poderão sair de casa. Serão forçados aos tratamentos mais absurdos para serem treinados a ser homens (ou mulheres) heterossexuais.
Não está em discussão se Alex era mesmo gay ou não. Nem ele deveria saber disso. O fato de ele gostar de dança do ventre e de lavar louça não diz absolutamente nada. É mais uma visão sexista do que qualquer outra coisa. Os indícios de uma homossexualidade está na cabeça dos adultos. Uma cabeça alimentada por um senso comum enviesado e regado de um ódio descomunal aos gays.
Não há maior ou menor grau de preconceito. Há o preconceito e ponto. E é esse preconceito que mata, diretamente ou indiretamente. Antes que venha uma avalanche de sabichões do senso comum, já me adianto. Ninguém é obrigado a aceitar nada. Mas é importante questionar. Alguém acha aceitável uma criança morrer assim? Precisamos tentar entender o que levou o pai do garoto a fazer isso. E entender é aprender a respeitar. Vamos discutir a sexualidade em casa abertamente, ler sobre o assunto, ver filmes sobre a temática ou até entrar em uma associação de pais com filhos gays para tentar superar o preconceito.
É o exercício de descobrir aos poucos que esse é um sentimento genuíno, não uma opção. Aboliremos essa ideia de opção sexual. Chega dessa história. Se o seu filho é gay, não há como fugir disso. A não ser que você queira agir como o pai do Alex.
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Concordo Amanda…li fiquei chocada com a materia no r7.
Enfim até quando isso vai ser visto como punição???…eu tenho um filho de 4 anos…e jamais diria ”prefiro um filho morto do que um filho Gay”
Prefiro um filho de carater,prefiro um filho honesto…quem ele amar ou se relacionar só tenho que respeitar.
Assim como sou respeitada…e assim como minha mãe me respeita e respeita a minha mulher.
Bjus AMANDA e bjus meninas.
Fiquei chocada amanda pra mim esse homem nao era um pai e sim um monstro o que adiantaria ele bater no filho meu deus ele era apenas uma criança nem mesmo sabia sobre sua sexualidade n adianta querer mudar os filhos mesmo q ele fosse gay o pai deveria conversas com ele e n bater isso so nos mostra o quanto o brasil e machista e preconceituoso pois eu n aguento mais ligar a televisão e ver q homossexuais e negros sao vitimas de preconceito e isso chega ate a morte o brasil devia para com esse negocio de futebol e copa e repensar mais sobre isso racismo e homofobia e crime nao acham ?
Confesso que não consegui ler a reportagem até o final, fiquei com ânsia 🙁
Até quando???
Sinceramente, eu acompanho os telejornais por ter a consciência de que é necessário. Porém, fico estarrecida, angustiada e desgostosa por tantos atos insanos que presencio diariamente. Parecem sempre surgir uma sucessão, uma onda de crimes surreais, depravados!! Mas enfim, esta é a realidade na qual vivemos. Penso que ainda que essa hostilidade nos traga impactos, nós não deveríamos simplesmente nos surpreender, espantar e permitir que passe batido, seja lá por qual motivo. A intolerância contra os homossexuais assusta, parece não cessar. Mas nunca cessará DE FATO enquanto a luta não for ganha, e para que isso aconteça precisamos permanecer nos posicionando, reivindicando nossos direitos e não calarmos quando “outros casos Alex” vierem à tona… Assim que eu vi a reportagem na televisão eu quase chorei, meu coração doeu e veio à minha mente que aquele caso já não tinha jeito, infelizmente o Alex não mais voltaria… E senti uma revolta por tanta crueldade. Como vc6, eu também não consigo entender como um pai chega a este ponto, a essa falta de humanidade. Sei lá.. creio que a gente pode ir à luta sim. Não desistir agora! O Alex não volta mais, mas nós podemos somar de alguma forma para que outras pessoas não sofram nas mãos de outras, como exemplo, o pai do Alex. Vamos conquistar essa tolerância e sobretudo o respeito. Somente as leis não conseguem mudar os valores de cada pessoa. É preciso muito mais. É educação. É incentivo. É propiciar a essas pessoas preconceituosas o entendimento de que amor é amor. De que crenças não necessitam ser quebradas, apenas é preciso conhecimento do que de fato significa ser um homossexual, bissexual, transexual e respeitar. Meus familiares possuem crenças distintas. E posso dizer que entre uma e outra há uma certa dualidade, porém, nem por isso se confrontam, se prejudicam; existe o respeito, ainda que um não pratique a crença do outro. E bem que no quesito sexualidade, ou simplesmente formas de amar deveria se ter essa consciência de que não precisamos seguir os passos dos outros para resolvermos os problemas… Não! O único que se faz necessário é o respeito pelo estilo de vida que cada pessoa escolhe a seguir e constituir-se.
Belo depoimento Carol!
Obrigada 🙂
Sem palavras. Completamente revoltante 🙁
Eu acho preconceito uma coisa tão sem noção …
Eu li essa notícia confesso que fiquei extremamente com ódio de um infeliz desse,que se diz ser Pai!E pior a omissão da família,vizinhos,inclusive a mãe que coitada e uma prisioneira do marido,desta sociedade machista.O machismo não abala só as mulheres,e tem algumas ainda que fortalecem quando criam seus filhos para serem macho ,os ” pegadores”, provedores,para serem insensíveis etc…A pressão da vida do homem também e grande para aqueles que não seguem o ideal masculino.
Olá Amanda! Quanto tempo né querida?
Bem,não preciso nem dizer o que penso dessa situação. Não conceituo isso de simplesmente machismo, mas de uma ignorância exacerbada e uma falta de amor. A falta de amor tá transformando o ser humano em verdadeiras bestas selvagens. As pessoas reagem agressivamente a tudo que se opõe aos seus conceitos,pq amam mais a si e seus conceitos do que ás pessoas. Esquecem do respeito e do amor.
Tenho dois filhos, um casal, e já deixei isso bem claro na minha casa, que jamais darei as costas ou deixarei de amá-los por causa da sexualidade deles, pois sei que se eles não se enquadrarem no “padrão” já existirá gente demais para os odiá-los e rejeitá-los.
Não sou ativista de nada, não apoio nenhum tipo de movimento ativista, nem mesmo os que parecem bem intencionados, pq infelizmente, por causa da natureza humana, o ativismo vem trazendo muito ódio, pq justamente se opõe a tudo que é contra seus conceitos. Acho que tudo poderia ser bem tolerado simplesmente se houvesse respeito e amor ao próximo. Mas nosso mundo só caminha cada dia para falta de amor, desrespeito, intolerância… o que causa sofrimento e morte, até mesmo de inocentes como essa criança, e infelizmente, como essa, muitas passam por tais brutalidades e perdem suas vidas, o que é motivo de grande tristeza e indignação para mim.
Infelizmente só podemos lamentar, e tentar cada um plantar a semente da tolerância e amor nas pessoas, mas principalmente, tentar arrancar o que ainda há em nós de intolerante, para que essa história não possa se repetir.
Grande abraço a todos!!
Já disse por aí: quando acabar, se acabar, a greve dos garis, nem todo lixo será recolhido. Vai ficar espalhado em nosso corpo, em nossas casas, em nossas ruas, o sangue de um menino chamado Alex. Vai ficar colada em nossa memória cada pancada que o menino levou de seu pai para “andar como homem”. Alex vai ficar girando à nossa frente, barrando nosso caminho, entupindo nossos ouvidos. Cada um de nós vai recolher na rua os gritos que os vizinhos de Alex dizem não ter ouvido. Cada um de nós é um pouco mais lixo com a morte de Alex.
Pelo que contam as notícias, o caldeirão em que Alex vivia não prometia destino melhor: a mãe, lá em Mossoró/RN, desempregada, cuida do filho mais novo, um bebê de 8 meses; vê de vez em quando o outro filho de 3 anos (que vive com os avós paternos) e não tem notícias de outro filho, de 15 anos, que desde bebê vive com o pai no Rio. Há menos de um ano, Digna, este é seu nome, mandou Alex, de 8 anos, “viver” no Rio como seu irmão mais velho, mas com outro pai. O pai em questão, desempregado, morava com a mulher e outras 5 crianças, até ser preso na noite de 18 de fevereiro pela morte de Alex, que não resistiu às duas horas de espancamento que o pai chamava de “corretivos”.
Talvez fosse só maldade mesmo, pura e simples, às carradas, o que movia o pai de Alex. Talvez fosse vergonha do filho que gostava de dançar, cozinhar, lavar louça, estudar e tinha “trejeitos afeminados”. Vergonha do menino que não gostava apenas de “coisas de menino”. Vergonha do que aqueles todos que pensam saber exatamente o que é um homem diriam caso vissem Alex esbanjando coisas que não são de homem. Se era esta a razão, é bem provável que o pai de Alex, detrás das grades de Bangu, esteja agora bem orgulhoso – do que fez e do que o filho não mais fará.
Se ser homem é ser o que o pai do Alex – e todos os idiotas que o acompanham – julga certo, a ponto de sentir-se autorizado a espancar e matar alguém (seu filho ou não, criança ou não, homossexual ou não), não tenho dúvida de que temos muitas razões para ter vergonha. Principalmente, vergonha de ser homem onde ser homem é um lixo.
Nossa que tristeza lamentável, que triste mesmo eita ser humano que essa missão pesada desse garoto aqui na terra seja valida e recompensada em nosso infinito universo grandioso que assim seja, amaldiçoada esse ser desprezível seja pela justiça universal, por essa luz que nos ilumina ele irá colher com grande amargor seus resultado desse abominável e terrível ato de animalidade.
Uma vez vi um discurso feminista de Emma Watson, atriz que fez a Hermione anteriormente, e ela dizia que até os homens precisam do feminismo, eles precisam do feminismo para deixarem de ser “homens” (o termo entre aspas significa aquela figura máscula e etc, não o ser humano do sexo masculino), para eles serem sensíveis (pois precisamos ser), para chorarem (pois precisamos chorar) e para não nos passarmos por covarde ou outro adjetivo ruim por não querermos lutar contra caras pervertidos que acabaram de assediar nossa namorada e que nos matariam em um piscar de olhos (o que precisamos).
Esqueci de indicar o link dos discurso dela, aí vai:
“https://www.youtube.com/watch?v=rq-jogDdKFU”
Vale a pena ver.