Fazer parte da comunidade LGBTQIA+ é considerado ilegal no Catar, sede da Copa do Mundo 2022. Khalid Salman, embaixador da Copa e ex-jogador do Catar, afirmou ao canal alemão ZDF, que a homossexualidade é um “transtorno mental” e “pecado”. Apesar disso, Nasser Al Khater, executivo-chefe da Copa do Mundo FIFA 2022 no Catar, garantiu em entrevista coletiva que todos os torcedores serão bem-vindos no Catar, desde que respeitem as tradições do país. No entanto, há relatos de que demonstrações públicas de apoio à comunidade LGBTQIA+ estão sendo “bloqueadas”.
#Humanrights not to forget. “#Homosexuality is a #mental illness”
The statement released on #German TV #ZDF by #Qatar‘s #WorldCup ambassador Khalid #Salman pic.twitter.com/RlxX47xRk1— Donato Yaakov Secchi (@doyaksec) November 8, 2022
Na terça do dia 22 de novembro, o jornalista Victor Pereira contou em seu Twitter que foi parado por policiais que tomaram a bandeira de Pernambuco depois de tê-la confundido com a bandeira LGBTQIA+. “Eu fui atacado por alguns integrantes do Catar e também por policiais. Eles vieram pra cima achando que era uma bandeira LGBT+, quando, na verdade, é apenas uma bandeira de Pernambuco”, escreveu em seu perfil do Twitter.
De acordo com o código penal do Catar, a homossexualidade é considerada crime. As penas para relações sexuais entre pessoas do mesmo sexo variam de 3 a 5 anos de prisão e até pena de morte. Contudo, há relatos de que as próprias famílias fazem as punições.
“Eu vivia com um medo constante. Pensei que me matariam se soubessem que sou gay, se isso se tornasse público. Os crimes de honra são muito tribais no Catar. Algumas famílias fazem isso, outras não, e o governo tenta não intervir”, afirmou Nas Mohamed em entrevista à BBC News Mundo, serviço de notícias em espanhol da BBC. Mohamed foi considerado o “primeiro gay assumido” do Catar e atualmente mora em São Francisco, na Califórnia, após ter pedido asilo.
Na entrevista, Mohamed pede aos estrangeiros que visitarão o Catar durante a Copa do Mundo para que não se escondam, pois a visibilidade é importante.
Nesta segunda, 28 de novembro, um torcedor invadiu o campo durante o jogo entre Portugal e Uruguai segurando uma bandeira LGBTQIA+. De acordo com a Human Rights Watch, há relatos de membros da comunidade LGBT sendo presos por atividades online no país.
Manifestações da comunidade LGBTQIA+ são necessárias
O Catar está sob os holofotes, mas os direitos à comunidade ainda são um grande problema global. Dos 193 países do mundo, apenas 33 aprovaram o casamento gay. E em mais de 30 países, o casamento entre pessoas do mesmo sexo é considerado crime. Há avanços, como a legalização do casamento gay em Cuba em setembro deste ano, mas muito ainda a ser feito.
No Brasil, apesar da legalização, a violência contra os membros da comunidade continua aumentando. Em 2021, houve no Brasil, pelo menos 316 mortes violentas de pessoas lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transexuais e pessoas intersexo (LGBTI+). Esse número representa um aumento de 33,3% em relação ao ano anterior, quando foram 237 mortes. Os dados são do Dossiê de Mortes e Violências contra LGBTI+ no Brasil.
Mulheres no Catar
As mulheres no Catar são subordinadas aos seus tutores – pai, marido, irmão ou outro homem da família. Segundo as leis do país, elas devem pedir permissão ao tutor para casar, estudar ou trabalhar. Além disso, há muita dificuldade em se divorciar e conseguir a guarda dos filhos após o divórcio.
Denúncias de trabalho escravo
O jornal britânico The Guardian apontou que cerca de 6.500 trabalhadores migrantes morreram no Catar desde 2010, quando o país foi escolhido para sediar a Copa. A CNN tentou verificar a informação, mas não conseguiu confirmá-la. Ao consultar o governo do país, a informação foi negada.