Pela primeira vez, a Disney exibe um beijo gay em um desenho animado. A cena foi transmitida em fevereiro de 2017 no canal Disney Channel, nos Estados Unidos, na série Star vs. as forças do Mal.
Ainda não foi anunciado se haverá uma edição brasileira, mas um trecho do desenho pode ser visto no vídeo abaixo:
A cena causou aplausos e também palavras odiosas e de revolta. Entre os comentários negativos que observei, quero destacar um deles para pautar esse texto.
“Não tenho nada contra gays, mas acho que tem hora certa para as crianças entenderem isso”
Esse é o típico preconceito oculto. Se a princesa no desenho animado pode beijar o príncipe, por que não pode beijar a princesa? Se a criança não vê, como ela pode considerar natural?
Quantas vezes crianças não viram seus pais heterossexuais se beijando e entenderam que aquilo era uma demonstração de afeto? O mesmo pode acontecer com crianças vendo um beijo gay, como podemos ver nesse vídeo abaixo:
Por muito tempo não consegui admitir para mim mesma que gostava de mulheres. Era um tabu. Ninguém falava sobre isso na escola, eu nunca tinha visto um beijo gay e parecia uma coisa errada. Por quê? Muitos adultos destilavam palavras de ódio sobre o assunto. As crianças reproduziam essas palavras e os meninos “aprendiam” (e ainda aprendem) desde cedo que entre os piores xingamentos estão “bicha”, “boiola”, “viado”, “gay” e por aí vai.
Quando criança, também fui chamada de sapatão. E foi doloroso por que a palavra era carregada de preconceito. As crianças tinham alguma consciência do que diziam? Claro que não. Elas reproduziam um discurso que havia sido transmitido a elas.
O beijo gay se torna errado a partir do momento que não está em lugar algum. Está escondido. Precisa continuar obscuro, para ninguém saber da sua existência. Para que muitos jovens, como eu, descubram tardiamente que sentir atração por alguém do mesmo sexo é completamente natural.
Lembro da primeira vez que vi um beijo gay em um filme. Eu tinha uns 14 anos e estava sozinha no meu quarto, assistindo TV. Não lembro o nome do filme. Uma mulher loira, outra morena, em um diálogo que minha memória não consegue resgatar nem uma palavra. Só me lembro de uma única cena. Aquela que me deixou intimamente feliz. O que eu tinha ouvido falar de forma oculta agora se mostrava belo, natural, carinhoso. Elas se beijaram. Meu Deus, elas se beijaram. Fiquei esperando a cena se repetir até o final do filme. Nada. Nadinha. E então veio a tristeza. Quando eu veria tal cena novamente?
O meu sobrinho de quatro anos não terá o mesmo problema. Minha irmã mostrou a ele desde cedo que é natural casais de homens e de mulheres. E ele sabe que a tia Amanda gosta de mulher. Se algo mudou depois disso? Sem dúvida. Ele diz tudo isso com absurda naturalidade. A mesma naturalidade com que ele verá o beijo gay do desenho da Disney.
Quando as crianças aprendem sem malícia, tudo fica mais fácil na vida delas, sei disto pelas barreiras que passei e pela maneira que faço como educadora e mãe. Custei pra me desprender dos vários preconceitos vivenciados dentro de casa. Acho que a escola pode ajudar, mas pra isso os professores precisam deixar pelo menos os alunos se expressarem. Agora os preconceitos saem mesmo é de nossos lares. Minha filha me perguntou como eduquei ela sem nenhuma forma de preconceito contra opções sexuais, racismo, idade ou deficiências ou ainda ditas pessoas especiais . Eu respondi a ela com outra pergunta: Porque??? Isso nos tornaria melhores, maiores? O mundo tem problemas como a fome e o abandono, e acredito que Deus deve se perguntar o que estamos fazendo pelas causas que geram miséria humana. Será que um beijo carinhoso visto por uma criança que tem amor e orientação é uma imagem mais forte do que as crianças abandonadas que vemos diariamente nas escolas, calçadas ou portas dos super mercados?
(92)992840754
Achei a atitude da Disney linda!
Qualquer forma de amor é valida e acho super importante para a sociedade que as crianças de hoje se tornem adultos melhores no futuro, que sejam capazes de não fazer discursos ou ações de ódio, preconceito e aprender a respeitar a opinião dos outros independente da sexualidade, cor, raça ou idade.
Não costumava demonstrar afeto entre mim e minha esposa na frente do meu filho, um dia ele viu nós nos beijando, à noite antes de dormir ele me falou que mulheres não se beijam, apenas homens e mulheres, percebi nesse momento que não existe idade para essas coisas quanto antes vc começar a falar melhor.