“Tem uma menina na minha família que é lésbica. Até aí tudo bem, mas ela se veste como um homem. Acho que essa necessidade de autoafirmação é desnecessária”, soltou uma amiga minha esses dias.
Muitas pessoas pensam como essa minha amiga. Por que gays e lésbicas precisam “esquecer” que são homens e mulheres para assumirem “novos papéis”? Para muitos, eles fazem isso porque querem “enfrentar” o mundo, precisam “impor” a identidade sexual. “A pessoa precisa mostrar que gosta de mulher a todo custo e essa é a forma de se ‘rebelar'”, é o que muitos dizem.
Não concordo com essas afirmações. Primeiramente, porque muitas pessoas assumem esses papéis quando crianças. Elas simplesmente se sentem melhor assim. Apesar de ser feminina hoje, já fui uma “menina moleque”. Eu não me vestia como menino para enfrentar alguém ou para me rebelar. Eu me sentia bem vestindo bermudão, boné e camiseta larga. Era tão bom ver que eu estava confortável enquanto as meninas estavam resmungando por terem de usar vestidos justos.
Qual o problema de um homem gay falar de forma delicada? Quem disse que todo homem precisa ser “machão”? E uma menina mais masculina? Por que mulheres não podem usar roupas largas, boné e ter cabelo curto?
As tendências da moda às vezes brigam com algumas dessas teorias furadas. As gravatas vez ou outra entram no armário de mulheres extremamente femininas. Mas é moda, justificam alguns. E os especialistas vão dizer o que combina ou não com a gravata. Boné pode, desde que seja da marca “x” e combine com a blusa “y”. O cabelo precisa ter um corte “feminino”, a calça precisa ser justa, mas se for larga a blusa deve ser de tal jeito.
Mas não estamos falando apenas de roupas. Os trejeitos, a voz, o modo de andar e todo o comportamento dessas pessoas também estão espelhados no sexo oposto. E isso incomoda – até os próprios gays. Quantas vezes já não ouvi homossexuais criticando um gay afeminado ou uma lésbica masculina? Beira o absurdo mesmo. Quem mais reclama do preconceito faz o mesmo, mas de uma forma diferente – e até mais hipócrita, talvez.
Sem contar o preconceito (também por parte de alguns homossexuais) sofrido por transexuais, travestis, drags e toda essa “classe” considerada “diferente”. É irônico, e triste.
Nossa, adorei o post! Também sempre vejo isso, os próprios homossexuais tendo preconceito com homossexuais, só pelo fato de um ser mais afeminado que o outro. Eu também sempre me vesti de um jeito mais moleque, nunca gostei de vestido, nem saia, mas é porque é o meu jeito! Nasci assim, gosto de ser assim, e as pessoas não entendem nunca…
Oi, sou transgênero MtF em transição, tomo um pouco de hormônio, corpo depilado e tudo mas ainda não assumida pra sociedade, sabe, não uso roupas femininas (ainda) embora as pessoas devem perceber minha feminilidade. Espero assumir como trans mas quero que meu seio cresça mais, meu corpo desenvolva mais. Gostaria de usar umas roupas que realçasse minha feminilidade, meu corpo (coxas, etc) mas sem exageros, usaria umas bermudas por exemplo. De fato eu me sinto feminina, mas veja minha situação: sou bi, mas prefiro mulher e só me relacionaria com uma mulher, por preferência! Minha identidade de gênero é feminina e adoro mulheres! Sabe, não me identifico em ser homem apesar que não desejo cirurgia genital. Se puder me dê sua visão a respeito.
Isso me impregnava a mente, o fato de que “você apenas sentre atração pelo mesmo sexo” ou seja, não era necessário aderir características do sexo oposto para impor essa posição, é como se quebrassem o idealismo de sempre haver homem ou mulher da relação e ao mesmo tempo reconstruí-lo. Nunca quis me posicionar no lugar de alguém homofóbico, preconceituoso ou coisa relativa, mas esse pensamento sempre me vinha a mente, porém nunca cheguei a julgar ou chegar no pensamento de não aceitação da coisa. Eu propriamente me sinto a vontade em vestir roupas de certa forma largas e grandes, dizem até q tenho um jeito despojado lésbico, não me ofendo por isso, o que posso fazer se é o que gosto. Digamos q no meu caso quando me relaciono com um homem não são dois homens pelo meu jeito de se vestir, continuo mulher, enfim, agora consegui entender melhor, cabe-se mais a forma do gostar e se sentir melhor.
Presumo que exista o pensamento, que para ser “notado” por homens tem que “concorrer” com “atributos” femininos; noutra ponta, deve pensar, por analogia, a lésbica que se “masculiniza”! Claro, que independente do gênero, tem os travestis, incluindo a moda “feminina” nos anos 80/90, do “tayer” que no Brasil logo virou “terninho”: a saia usada pelas europeias, foi logo substituída pela calça, pelas Executivas brasileiras! Se sabe, que muitos travestis, são procurados por “maridos” que querem ser penetrados, sem serem “definidos” como “gays”, já que buscaram o “estereótipo” feminino! Mas com retorno da sexualidade fluída (comum na década de 60), aconteceu comigo, outrora, durante uma reunião, eu sentado perto de um colega, sentir forte atração pela voz e perfume dele (eu e ele cisgeneros), mas ele pelo biotipo, paquerado por mulheres e homens, mas fomos, finda a reunião, deixando os outros se despedirem, até que a sós me disse vamos sair juntos. Fomos ao motel, parecia que ele ia se preparando na reunião, para me penetrar e, carinhoso, disse maroto para mim: te acendi, te farei sexo oral! Depois gentil disse, que poderíamos ter outros encontros, sem ter que a iniciativa pelo convite ser dele sempre! Ainda comentamos, dessa questão trazida quanto a gênero e rimos: vozes grossas, em quarto de motel!