Uma garota de 17 anos se matou depois de ver seu vídeo de sexo a três se tornar público. Ela foi linchada por internautas ao aparecer se relacionando com outra mulher e um homem. Fran, de 19 anos, teve de mudar a aparência e parar de trabalhar quando descobriu que os momentos íntimos com seu ex-namorado haviam sido expostos a milhões de pessoas na web.
O problema dessas mulheres, segundo muitos homens, é que elas “permitiram” a filmagem. “Não podem deixar filmar, mas se deixam, é o risco que elas correm”. Não só homens, como muitas mulheres, reproduziram frases como essa.
E exatamente por que essas garotas foram massacradas? Porque estavam em um ato sexual. Algo completamente depravado, não? (Não precisaria dizer que é uma ironia, mas na internet é sempre bom reforçar). E como ficaram os homens do vídeo? Ninguém nem ao menos sabe o nome deles.
Em pleno século XXI (será que estamos mesmo nele?), uma mulher não pode aparecer em um vídeo fazendo algo completamente natural. Uma mulher ainda é chamada de vagabunda por se relacionar sexualmente com um homem, enquanto aquele mesmo homem é um vencedor, admirado por todos os outros homens (e até por muitas mulheres).
Esse mesmo machismo faz com que milhões de homens gays continuem no armário. E muitas lésbicas sofram com homens dizendo que elas precisam mesmo é de um órgão masculino para se “curarem”. E muitas bissexuais recebam insistentes propostas de sexo a três, quando na verdade não estão a procura disso.
É um padrão que não para de se reproduzir, porque a maioria das pessoas o adota. É a educação que nossos pais receberam e repassaram a nós. “Se eu tiver um filho homem, vai pegar todas as menininhas. Se for uma moça, vai ficar trancada em casa e namorar só com 30 anos”, diz o pai machão.
E então as meninas crescem retraídas, com medo de serem chamadas de vagabundas pelos próprios pais. E os garotos querem fazer bonito para o velho e ganhar um tapinha nas costas ao trazer uma menina linda para a casa.
A mãe, em vez de tentar brecar o comportamento machista, apoia o pai. Ela também foi criada assim. E se está hoje em um relacionamento duradouro, conseguiu cumprir bem o papel de “mulher para casar”.
Enquanto nós mulheres continuarmos criticando a menina de saia curta ou xingando uma garota que aparece em um vídeo fazendo sexo, os homens também continuarão seguindo esse padrão.
Se não começarmos a mudar a postura, isso não partirá dos homens. Para muitos deles (e não incluo todos, porque muitos não compactuam com esse pensamento arcaico), é melhor do jeito que está.
Correção: a garota que se matou era do Pernambuco, e tinha 18 anos.
A garota tinha 18 anos.
Verdade, Suh. Na verdade, ela tinha 17. É que tem o caso de uma jovem de 12 anos que se matou por sofrer bullying. São tantos casos… 🙁
É por essas e por outras que desencanei de me relacionar com homens, alem de me sentir melhor fisicamente com as mulheres. Nunca tomei nenhum tipo de intimidade mais forte com homem quando ficava, fazia carícias muito discretas, mas com mulher, eu me sinto bem mais ativa e sinto muito mais liberdade pra tocar, fazer uns carinhos mais ousados, mais quentes, e pra ser eu mesma de modo geral. O machismo me fazia me sentir coagida, dentre outras coisas…
No caso, fazer e receber caricias mais quentes das gurias
Verdade, Dany. Quando não era um namorado, eu também não me sentia à vontade. Adorei seu depoimento. 🙂
É sério :O?? Wow!! Valeu^^!!
Então quer dizer que é mais “fácil” trocar carícias com as mulheres? Pergunto, pois nunca tive nenhum relacionamento com mulheres e também me sinto coagida as carícias com os homens…
Rah, não é que é mais fácil. Na verdade, depende do homem e da mulher, né. Acho que com os homens, muitas mulheres travam com medo de serem chamadas de vagabunda, de mulher fácil. O que é uma ignorância dos homens e da sociedade. Se não tivessemos uma sociedade machista, seria apenas uma troca entre pessoas buscando o mesmo objetivo. Mas acho que ainda demora pra isso mudar, infelizmente.
Então Rah [e assim no meu caso, ma isso é algo muito pessoal.
Ah, entendi =D
Obrigada pelas respostas, meninas 😉
No caso, acho que os homens se sentem muito pressionados também a serem “o cara”. Querem sempre tomar a frente, a iniciativa, são ativos até demais e às vezes podemos nos sentir coadjuvantes da relação. Eu tenho muita liberdade pra fazer qualquer carícia no meu., sem medo de críticas pois quando você confia não tem medo do que o outro vá pensar. Mas uma mulherzinha é diferente né gente? Mulher é mulher..com mulher você diz que teu peito tá assim e já vai mostrando. Mulher é mulher, é intimidade, é despudor. Mulher é mara.
Concordo quando voce diz que as pessoas acham que uma mulher bissexual sempre está a procura de sexo com um casal( nada contra) mas sempre ouço esse tipo de comentario.Fica parecendo que a mulher bissexual sempre está disposta a ter relaçao sexual com qualquer um ou qualquer uma.
Outra coisa que percebo é que homens gays continuam no armario poquer eles mesmos sao extremamente preconceituosos com a homossexualidade masculina, a maioria finge que é hetero e fica se escondendo atras de uma mulher ( o que eu acho uma grande sacanagem com ela).
Parabéns pelo texto, muito bem articulado e crítico!
Descobri o blog há poucos dias e estou amando! Talvez porque pela primeira vez na vida estou me questionando se sou bi. Estou alucinada por uma mulher com quem convivo numa relação semiprofissional há 1 ano. O que era admiração eu tive de assumir que é uma enorme atração sexual, mas não sei se por acaso isso se realizasse na prática, se eu me veria num relacionamento afetivo com ela ou com outra mulher. Sei que posso ter muito prazer, talvez até mais do que com um homem, se transar com uma mulher, afinal, temos o mesmo corpo e sei tudo o que uma mulher deseja dar e receber na cama. Mas e depois? Tenho medo de envolvê-la em algo que seja apenas uma fantasia minha e magoá-la.
O que predomina nos dias atuais infelizmente é uma familia conservadora e patriarcal… Nos povos amerindios, africanos e europeus da antiguidade, existiu vários modelos de familia. A poligamia, poliandria e o casamento grupal era predominante é o mais interessante que não tinham ciúmes. Como diz Karl Marx: hoje o marido é a elite e a esposa o proletário, talvez se as pessoas se dedicassem mais em busca da cultura as coisas seriam diferentes.
Realmente, tanto preconceito no mundo, eu poderia gastar algumas horas aqui escrevendo um texto de um milhão de linhas, mas os preconceituosos não estão aqui, logo não o verão e os não preconceituosos não precisam dele para pararem com o preconceito. Aí chego a um impasse…
Isso me deixa tão “HUH!!!” as vezes. Ô raiva que me dá! Porque o mundo não pode aceitar a paz (quando digo mundo digo todos nós!) e o amor, tantos que já tentaram passar essa mensagem e morreram, tantos que ainda passam e são ignorados! John Lennon e muitos outros morreram lutando por um mundo melhor, quantos mais precisarão morrer?!
Beijos.