Tenho 63 anos e duas filhas maravilhosas. Uma de 29 e outra de 31. A mais velha, quando pequena, gostava de jogar futebol e era líder dos meninos. Quando adolescente, não notei muitas diferenças, pois eu vivia em um casamento conturbado.
Ela namorou homens e, aos 17, iniciou um longo relacionamento com um garoto, que durou quase oito anos. Passado um tempo, ela um dia revelou: estou namorando uma mulher.
De início uma surpresa, mas nada que abalasse meu amor por ela. O que é ser mãe de uma lésbica? Para mim é só um rótulo, uma identidade sexual. Sempre primei pela liberdade de ser quem somos e gostar do que queremos.
Tenho uma irmã e um irmão homossexuais, então para mim já era encarado como algo natural. Infelizmente, esses meus dois irmãos já falareceram. Eles enfrentaram tempos mais difíceis, em que era muito mais complicado falar sobre sexualidade.
Minha irmã saiu de casa aos 18 anos para morar com a namorada. Para ela, sempre foi difícil falar sobre o assunto. Ela passou a vida inteira reservada, sem falar muito sobre a vida amorosa. Meu irmão conseguiu lidar melhor com a sexualidade. Teve alguns namorados, foi a muitas boates gays e se divertiu – quando lembro dele, sempre penso no sorriso largo de menino.
É o mesmo sorriso sincero e feliz que vejo em minha filha. Ela ama ser quem ela é. Tem orgulho em ser homossexual e de poder falar abertamente sobre os sentimentos com todos da família, com os amigos e no trabalho.
Quando ouço críticas sobre homossexuais, não consigo entender. As pessoas tratam com naturalidade traiçoes, roubos, assassinatos, mentiras e condenam o amor entre pessoas do mesmo sexo. É o reflexo de uma cultura de hipocrisia – em que apenas as aparências importam.
Qual conselho dou para as mães que têm um filho homossexual? É muito simples. Dar amor, carinho, compreensão e parceria. Seu filho precisa saber que sempre terá apoio e um porto seguro. Se eles não se sentirem assim em casa, como irão se sentir nas ruas?
Criamos os nossos filhos com tanto amor e carinho, por que iríamos rejeitá-los por uma convenção ou uma “regra social” criada há décadas – quem conhece a história, sabe que nem sempre foi assim.
Como mãe, que conhece o amor incondicional, sei o quanto esse amor tem o poder de mudar uma vida. E sei o quanto o meu amor ajuda a minha filha a ser mais feliz e a superar o preconceito e obstáculos de uma sociedade que ainda não aprendeu a respeitar o próximo.
Leia mais
- Como contar aos meus pais que sou homossexual ou bissexual?
- Se sua filha gosta de mulher, por favor não me culpe
- Posso me tornar homossexual por ausência de amor materno?
Veja os comentários abaixo e faça o seu! 🙂
Que postura linda, dessa mae… o mundo precisa de pessoas assim : que encarem com naturalidade e beleza o que realmente importa: AMOR
Com certeza, Damis! O que importa é o amor. Torço para que todas as mães pensem e tenham atitudes como essas! Precisamos de um mundo com mais amor e empatia.
O amor não tem sexo o, temos que acabar com o preconceito, quando isso acabar teremos um mundo melhor poder olhar para as pessoas e ver como elas são lindas.
Tenho irmã lésbica e ela não sofreu por ser assim. Se viu “obrigada” a casar, quando nosso irmão homossexual, comentou da relação dela, há anos, com outra mulher! Ele, por ser afeminado, sofreu o preconceito de nossa mãe, mas poderia ter tido o apoio de nosso pai, quando buscava conversar com ele! Mas, ele não contava, que nosso pai viria a falecer e que passaríamos por tempos difíceis, financeiramente! Por eu ser cisgenero, minha homossexualidade não foi tão “evidenciada”, fui discreto, o que agradava os bissexuais que se viam, mais “discriminados” lá pelos anos 80/90! Acabei tendo como primeiro namorado, colega de faculdade que para minha surpresa trabalhava na profissão que meu pai trabalhou e conterrâneo do Estado do meu avô! Sinais que eles aprovariam o nosso amor!