Depois de contar muitas histórias verdadeiras por aqui, o BlogSoubi decidiu começar a procurar respostas para as perguntas mais frequentes dos leitores.
O primeiro convidado especial é o psicanalista Paulo Roberto Ceccarelli, doutor em psicopatologia fundamental e psicanálise pela Universidade de Paris VII, membro da “Société de Psychanalyse Freudienne” e professor adjunto no Departamento de Psicologia da PUC-MG.
1) Freud dizia que somos todos bissexuais. Qual é a sua opinião sobre isso?
A bissexualidade é o fato de que ninguém nasce homossexual ou heterossexual. A sexualidade não tem sexo. Ela vai se ligar ao objeto que vai me proporcionar prazer. Nos primeiros anos de vida, vamos ver crianças ligadas ao pai e a mãe. O menino vai sentir atração tanto pela mãe quanto pelo pai. No começo da vida, a pessoa se liga tanto a homens quanto a mulheres. Em torno de sete anos de idade, vai começar a se construir a chamada orientação sexual. E então a pessoa vai por um caminho ou por outro. A história de vida é que vai identificar a sexualidade. Quando chega na adolescência, a pessoa começa a se perguntar: será que gosto de homem ou de mulher? Essa constituição em torno dos sete anos vai se concretizar na adolescência. Mas as crises começam a acontecer por conta da nossa cultura machista. Se o homem gosta de homem, é mulherzinha, não é homem.
2) E quando a pessoa descobre tardiamente a atração pelo mesmo sexo?
Nenhum de nós, por mais heterossexuais que sejamos, pode controlar a possibilidade do prazer. Então, o sujeito pode se sentir atraído por outro homem. E um homossexual, pode começar a sentir atração, em determinada época, pelo sexo oposto. Não tem uma regra. Depende muito mais do que o outro desperta em você. Um paciente meu, que se diz totalmente heterossexual, ficou em crise depois de se sentir atraído por um homem sem camisa no clube. O número de pais de famílias que vão a boates gays é muito grande. Os grandes clientes de travestis também são “heterossexuais” e preferem ser passivos, preferem ter prazer anal, procuram por isso.
3) Mas seríamos todos bissexuais?
O fato de sentir atração, não quer dizer que vou para o ato. Muitas pessoas, por conta da moral e da religião, nunca vão ultrapassar essa barreira. Por mais que aquela pessoa tenha um padrão de comportamento heterossexual, o que vai despertar a fantasia é o desejo pelo outro. Há pessoas que se sentem atraídos pelo pé ou por qualquer outra coisa. A sexualidade é um grande mito. Por que aquela pessoa dentre 20 pessoas em uma sala me atraiu? Por que alguém que você nunca olhou de repente desperta interesse? As pessoas vivem procurando respostas, mas não há. A resposta é sempre pessoal, cada um precisa se descobrir.
4) Como ter certeza se somos bissexuais?
A pessoa precisa seguir o desejo. E precisa lidar com o conflito existente entre o desejo e a moral.
5) Essa teoria de seguir o desejo não é contestável? Por exemplo, muita gente diz que pedófilos seguem o desejo e sabemos que isso é errado…
Pedofilia é perversão. É impor no outro aquilo que ele não quer. A criança não está querendo aquilo, é a imposição de uma fantasia. É totalmente diferente.
6) Algumas pessoas dizem que emocionalmente se dão melhor com um gênero e sexualmente com o outro. Como o senhor explica isso?
É algo muito caso a caso. Se você pegar dez pessoas que falem isso, cada uma vai ter um porquê. Não dá para generalizar. É preciso entender o que aconteceu na vida delas.
7) Conheço um caso assim. Uma mulher não consegue se relacionar emocionalmente com homens, apenas com mulheres. Mas se dá bem sexualmente com ambos…
Isso é um problema para ela?
8) Acredito que não…
Então ótimo. Não sendo um problema, está tudo bem.
Discordo completamente dele. Ele já está afirmando que ninguém nasce homossexual, aí já está uma porta aberta pra criar o preconceito.
Tainá, ele também diz que ninguém nasce heterossexual. É esse o ponto. Por isso ele diz que a sexualidade não tem sexo. Ele, na verdade, reforça que todos podemos sentir atração pelo mesmo sexo e pelo sexo oposto. Nós nascemos com a possibilidade de nos atrair por ambos os sexos e no decorrer da vida tomamos um “rumo”. Abraços, Tainá.
Tainá, concordo com vc. E principalmente quando ele diz assim: “Quando chega na adolescência, a pessoa começa a se perguntar: será que gosto de homem ou de mulher? Essa constituição em torno dos sete anos vai se concretizar na adolescência.”
Acredito ser complicado afirmar isso, a maioria das pessoas que se interessam pelo mesmo sexo, em nenhum momento pensam, será que gosto de homem ou de mulher? isso acontece naturalmente.
Oi Ana tudo bem? 🙂
Quando ele diz dessa fase de auto questionamento sobre seu interesse pelo mesmo sexo ou não, ele não quer dizer que esse questionamento é consciente. Como nosso próprio desenvolvimento de personalidade é inconsciente, quando ele fala isso ele quer dizer que nessa fase do desenvolvimento do psique da pessoa começa a se estabelecer esses “desejos” e “sentimentos” (coloquei em aspas porque não era bem essas palavras que eu quis dizer ><' ).
Eu concordo que isso vem naturalmente, porque isso quase sempre acontece em uma instancia onde não temos tanto acesso… talvez pensando naquela criancinha que beija outra na boca, ou que diz que tem um namoradinho na escola, eu vejo muito mais como uma projeção, uma imitação, dos padrões de relacionamentos que ela vivenciou(visualizou) e não como uma ação dela propriamente dita.
O problema desse discurso que o dr. defende é que quando discutido previamente deixa em aberto pensamentos que "vc pode reverter o processo de ' gaysificação' ou de 'bisificação' tomando cuidado como vc cria a criança" só que a formação de nosso psicológico está muito mais complexo do que as ações que axamos que pode ser crucial na formação de alguem… e cai entre nós se alguém educar e restringir determinada educação do seu filho por conta disso precisa urgentemente de tratamento….
Gata não existe esse negócio de nascer homossexual. Há pessoas que tem contato com a sexualidade somente na adolescência. Que quando crianças tiveram uma infância muito mais voltada a brincadeiras e brinquedos, que só na adolescência tem contato de afeição sexual com outras pessoas. Essas pessoas ainda estão construindo um percepção das coisas…
O ultimo comentário do Dr. é perfeito…..
Excelente postagem..
Olá…Estou aqui pra tentar me decidir o que devo fazer agora que eu descobri que o meu namoro de 10 anos com uma doce mulher,e nos últimos 3 anos eu acabei descobrindo que ela ficava comigo e com outras mulheres .Eu acabei perguntando pra ela o que ela senti por mim? Ela respondeu não sei..Qual dos ambos você gosta mais? Ela disse não sei…Mas deu ora mim perceber que ela nesse momento esta sendo atraída mais por mulheres.E depois ela me falou que esta no momento esta de boa..Olha pelas poucas coisas que ela me contou eu beijo que ela vai ficar com milhares e no mesmo tempo tem muito medo de me perder pra outra pessoa…Eu a amo muito e nesse momento de crises ela não quer mais se relacionar comigo e com outro homem nenhum…Ela me bloqueou em tudo o que diz respeito dela,não consigo ver as fotos e nem falar com ela…Não esta sendo facil pra mim não…..O que devo fazer daqui pra frente agora..Será que ela ainda vai voltar a se relacionar comigo como um casal? Será que ela sente alguma coisa por mim? Ai esta a minha cabeça nesse momento sem saber o que devo fazer,seguir em frente gostando dela mas sem ela do eu lado…
Será que vcs podem,me orientar? E me ajudar com um comentários pra mim poder refletir mais..
O ate mesmo o Dr pode me orientar ?
Percebi nele um viés machista, ainda mais que pela foto parece ser cisgenero! Especialmente no âmbito “masculino” existe o tabu de um homem se apresentar pronto a outro e, mais ainda esse outro, externar querer transar, como aconteceu numa ocasião depois de uma reunião em grupo e ficarmos eu e o colega que me despertou forte atração durante a reunião (por último a sair): a voz e o perfume dele “mexeram” comigo e eu ao lado dele! Ele percebeu meu esfincter relaxado e orgasmo prostatico. Surpreso ele disse, todas essas reações, despertadas por ele e, transando; maroto disse nem fazes meu tipo, mas a ereção dele não o faria negar ter me querido! Então, não acredito em quem diga que atração “isole” o gênero que a despertou: amizade, afeto, carinho, compõem o combo, mas lembrando, que o físico, o cheiro natural ou perfume da pessoa, tem seu peso e seu lugar!